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9 de junho de 2009

Glauco Mattoso

dono de uma poética acida e irónica. deixo aqui um pouco de:


"glaucomattosianismo"






PENSO, LOGO CAGO [1977]

Eu não nasci,
pois não me lembro de isso ter acontecido.
Não morri,
pois também não me lembro que isso tenha acontecido.
E, se não nasci nem morri, das duas uma:
ou sou Deus ou não existo.
Ora, como nem tudo que eu quero acontece
e nem tudo que acontece eu quero,
não sou Deus.
Portanto, não existo.
Logo, não penso.
Então este raciocínio é falso,
e nesse caso eu não passo de um mero amnésico.
De qualquer maneira, nada tem importância:
se perco a memória,
tanto faz que tudo seja ou não verdade.
Basta dar a descarga
e passar pro papel.


mais sobre Glauco Mattoso aqui

1 comentario in-útil:

Sylvia Araujo disse...

Ahhhhhhh, que maravilha! Quanta acidez, quanta lógica insana! Por essa o doce inutensílio mereceu referência lá no blog! Chique demais da conta!

Obrigada pela apresentação ilustre. Por incrível que pareça a sarcástica aqui não conhecia o irônico em pauta! Bingo!

Beijoca nada camisolenta